Pastor vira réu por violação sexual no Amapá
17/04/2021 14:58 em Polícia

A justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Amapá (MP-AP), e o pastor Jeremias Magno Barroso, de 55 anos, virou réu pelo crime de violação sexual mediante fraude.

O Juiz Diego Moura de Araújo, da 1ª Vara Criminal de Macapá, aceitou a denúncia com base nas investigações da Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM). Neste processo, no entanto, ele responderá apenas por um dos casos envolvendo uma mulher que afirmou ter sido abusada dentro da igreja.

O magistrado manteve apenas a vítima como assistente de acusação. Outras 7 mulheres constavam na denúncia também como assistentes de acusação. Algumas delas são vítimas do pastor, preso preventivamente desde janeiro.

O promotor de justiça Marco Antônio Vicente cita em trecho da denúncia que há outros registros de ocorrências contra o denunciado, onde o mesmo teria praticado contra outras fiéis crime idêntico a este denunciado, bem como fartos depoimentos testemunhais. Existem inúmeros prints de conversas entre o denunciado e outras vítimas.

Outras investigações estão em curso contra o pastor e algumas delas também estão no Judiciário em segredo de Justiça.

Ao tomar conhecimento das denúncias, a ex-esposa do pastor, Eli Duarte dos Santos, gravou um vídeo em que relata que Jeremias tentou violentar a própria filha quando ela tinha apenas um ano de idade, depois tentou novamente quando ela tinha doze anos.

A ex-esposa do pastor relata também que, além das agressões verbais, psicológicas e tentativas de estupro, ela e a família sofreram violência física e até tentativa de assassinato: “… certa vez eu estava na casa da minha mãe, e o Jeremias esperou que ficássemos sozinhas e invadiu a casa para tentar me levar, e a mamãe tentou me defender, levou um soco no rosto e desmaiou... ele saiu me arrastando, do lado de fora vi meu pai que estava vindo com meus irmãos... meu pai vinha na frente e correu para me socorrer, mas acabou caindo... Jeremias me soltou, quebrou um pedaço de madeira fazendo uma ponta... ele ia enfiar o pedaço de pau no peito do meu pai, mas meus irmãos vinham correndo e gritaram.. ele conseguiu fugir”.

Eli conta que ela e a família cansaram de fazer boletim de ocorrência na polícia, cansaram de buscar justiça: “estávamos cansados, enlouquecendo com as atitudes dele e resolvemos fazer justiça... nós descobrimos que ele estava em uma favela, no meio da bandidagem, lugar ao qual ele pertence... meus irmãos bateram nele, mas ele fugiu... nós também fugimos porque sabíamos que ele seria capaz de nos matar... não me orgulho do que fizemos, pois sei que foi errado”.

Algum tempo depois ele pegou a minha filha novamente... ela tinha 12 anos, e ele tentou estuprá-la novamente, então eu fugi, saí do Amapá, deixei minha família, minha vida, mas tinha que fazer isso porque ele ia acabar me matando... o que passamos com ele foi monstruoso, um verdadeiro filme de terror, minha esperança é que desta vez ele não fique impune”, finalizou.

Conheça o caso

O pastor evangélico Jeremias Barroso é acusado de abuso sexual por 13 mulheres em Macapá, capital do Amapá. Por meio de seu advogado, ele nega as acusações e se diz vítima de calúnias.

Segundo matéria publicada pelo Universa, o caso foi investigado em sigilo ao longo do segundo semestre de 2020, após uma das vítimas contar para outras mulheres da igreja o que estava vivendo e descobrir que as amigas também passavam por situações semelhantes.

O pastor

Jeremias é uma das principais lideranças religiosas do Amapá e fundador da congregação Igreja Getsêmani em Macapá. Ele ficou conhecido por coordenar a “Marcha para Jesus”, evento evangélico que leva às ruas mais de 100 mil pessoas todos os anos no estado.

Segundo relato de uma das vítimas, de 24 anos, Jeremias usava da autoridade religiosa para cometer os abusos. Ela procurou a igreja em 2019 em busca de refúgio espiritual, mas desde o primeiro dia já notou algo estranho quando ele passou a pedir conversas particulares com ela.

De acordo com a mulher, ao faltar à igreja em um dia sem energia em casa, ele sugeriu por mensagem que poderia pegá-la em casa e levá-la para tomar um banho. Segundo o relato, ele teria dito: “Preciso orar em você, algo muito grave pode acontecer e precisa estar limpa”, disse a vítima.

Em relato de outra vítima, de 18 anos, também ao Universa, o pastor teria ficado sozinha com ela em uma sala, quando ela ainda era menor de idade, e dito que ela estaria “possuída pelo demônio da pomba-gira” e que eles fariam uma suposta oração para expulsar esse “demônio”, na qual ela deveria se tocar no peito e em suas partes íntimas. Ele ainda tentou persuadi-la a usar a mão dele para tocá-la em suas partes íntimas e disse que ela não poderia namorar ninguém, pois seria dele.

Outra das fiéis relata que recebeu do pastor um vídeo com ele se masturbando, e um quarto relato de uma fiel diz que ele mandava mensagens pelo Facebook perguntando a cor da calcinha que ela usava ou ligava na madrugada dizendo estar com saudade.

Em mais um relato, uma mulher de 20 anos diz que Jeremias pedia abraços e passava a mão em seu corpo após pedir que ela fosse ao seu escritório. Ele também teria sugerido que eles fossem a um motel depois que ela aceitou uma carona até sua casa.

Fonte: A Gazeta

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